segunda-feira, 30 de março de 2009

Enfim... Hora de dizer certas coisas...


Neste ano que se iniciou a pouco tempo tive a oportunidade de buscar respostas para tantas perguntas que permearam a minha vida por anos a fio...

Quando nos vemos de frente com uma situação difícil que acontece com a gente é como se nos perdessêmos no olho de um furacão... Quando a situação é com outra pessoa sempre buscamos respostas para poder auxiliar na resolução do tal problema... Olhar de fora é sempre uma visão mais "panorâmica"... Aí você se pega buscando desenfreadamente as ferramentas para suprir a necessidade daquele que sofre... Ai, ai... Mas já repararam o quanto crescemos com isso?

Isso aconteceu comigo... Ou melhor, isso está acontecendo comigo...

Nunca tive uma visão ampla de mim... Sempre me vi de forma limitada... Também nunca tive acesso a ninguém que se parecesse comigo (sou uma pessoa bem atípica...rs), daí so via o que estava ao alcance dos olhos... No máximo o que via refletido no espelho... O envolucro, a casca, a carne... O íntimo não via... Faltava encontrar alguém que se parecesse comigo, alguém que me fizesse enxergar as coisas... Me ver refletida, no íntimo, em outro alguém... Eis que a vida colocou uma "cópia" de mim alí, na frente dos meus olhos (kkkkkk e eu vi...kkkk... como vi...rs)...

Não achava que existisse alguém "problematizado" (kkkk) como eu solto por aí... Que bom que me enganei... (Rs... Afinal, sou um caso para estudo... kkkk... Se eu não existisse alguém me inventaria... kkkk... Como sou mais velha que minha "cópia", acho que devo ser melhor que ela... Kkkkkk... Ao menos agora eu sou "humilde"...kkkkkkkkk... Esta foi a maior de todas... kkkkkkkkkkkkkkkk...)

Sim, claro, o ser que encontrei tinha "problemas" (é meu clone, ow...rs) e eu sentia cada dor, cada cárcere, cada situação que ele vivia... (eu ria e pensava: Como pode ser tão eu????...rs) E como não consigo ficar indiferente ao outro, busquei forças em mim para tentar fortalecê-lo... Mas lembram que somos "quase" iguais? Eu não tinha muitas das respostas que ele buscava... Então o que fiz? Arregacei as mangas e fui buscar as ditas respostas...

Touchê!!!! No afã de acalmar a inquietação alheia acabei por aquietar minhas próprias angústias... (Lembrem-se: Só podemos dar o que temos...)

Lidar com as arestas do outro (culpas, recolhimento, solidão, raiva, dor, sofrimento, distanciamento... Eu daria um nome a isso mas não é o caso agora), fui aparando minhas próprias arestas... Enxergando o quanto de mal eu me incutia involuntariamente...

Quanta bobagem... Quanto tempo jogado fora...

Muitas respostas eu citarei com o tempo, mas uma em especial me fez passar por vários estágios... A culpa...

Passei por muita coisa nesta vida e me culpava por tudo... Por querer, por ser, por nascer, por fazer sofrer, por causar dor, por fazer amar, por fazer amor, por tudo... Eu me culpava mesmo sem saber o motivo da culpa... Tudo era minha culpa... Nasceu o sol? Culpa minha... Choveu? Culpa minha... Nevou? Culpa minha... Alguém chorou? Fui euuuuu... Não importava o quê, tudo era minha culpa... Preferia viver escondida, isolada, assim eu não poderia ferir ninguém...

Sempre ouvia alguém dizer: Você tá sumida menina... E eu sempre dizia: Nada, eu tô por aí... Mas nunca estava... Era lá, no meu calabouço que eu estava... Eu, meus fantasmas, uns amigos imaginários, um tanto de tédio e um vazio que não parava de crescer... Eu sempre dizia as pessoas: Não se apeguem a mim, tudo que eu toco vira cinza... Sou o avesso do alquimista... Destruo tudo que toco... (Quanto egoísmo...)

E assim passei muitos anos da minha vida... Engolindo sapos, ruminando as emoções, esmagando os sentimentos... Afastando tudo e todos de mim... Me negando a chance de descobrir coisas novas, pessoas novas, de viver novas experiências e crescer com elas...

Quando eu gostava de alguém preferia ver este alguém longe, gostando de outro alguém, assim seria feliz... Eu não seria capaz de fazer isso... Eu era sempre um instrumento de dor, não de felicidade...

Complexa essa mente não? Mas nada que não pudesse ser piorado...

Um dia eu li um texto que dizia que somos únicos... INSUBSTITUÍVEIS... Aí eu disse isso a minha mãe, que eu era insubstituível... (Eu tava tão feliz com aquela descoberta) E ela disse: Ninguém é insubstituível, se você morrer eu coloco outra pessoa em seu lugar...

Nooooooooossssssaaaaaa... Essa doeu... Daí eu pensei: A culpa é minha dela sentir isso... Por que eu tive que nascer? Eu trouxe sofrimento pra pessoa que me deu a vida... Eu sou um anjo ruim... Sou o mal...

Nunca mais eu saí de mim... Foi como a história do elefante... A corrente ficou no meu pé...

Eu cresci mas nunca consegui tirar aquele peso que me prendia...

O tempo passou... Eu aprendi a amar alguém... Um homem... Casei com ele... Um dia, num acesso de raiva, ele me disse: Falo com você pra que tenha a doce ilusão que você existe...

Essa doeu também... Nem te conto o quanto...

Era ali, o homem que eu escolhi para amar, que me cravou um punhal no coração... Me faltou ar, chão, força, coragem... Só me restou a escuridão... As duas pessoas que eu amava me feriram... Ah, mas eu que fiz eles reagirem assim... ERA MINHA CULPA...

E sabe o que aconteceu? Nunca mais eu quis estar perto de ninguém, me iludir, me enganar... Todo mundo que eu gostava me machucava e eu podia fazer as pessoas, que "imaginavam" gostar de mim, sofrerem também... Isso eu não aceitaria...

Ah, mas não se iluda, no fundo eu tinha medo mesmo era de gostar de novo e bater com a cara na porta... Me ferir de novo... Daí eu usava a armadura da "pseudo-responsabilidade" pelos sentimentos alheios para cobrir o meu medo...

Tive a minha vida estraçalhada por um estupro... Não, não foi ele que me violentou, fui eu quem não fui forte pra fugir... A culpa foi minha... Engravidei... Claro, minha culpa... Tive complicações antes, durante e depois do parto... Claro, eu era culpada por "brincar de bonecos e não de bonecas" como me fizera lembrar o médico, a enfermeira e todas as outras pessoas...

Fui apontada nas ruas, perdi o pouco de chão que tinha, envergonhei minha mãe, manchei o nome da minha família... Claro, eu era o mal... (isso aconteceu antes das observações citadas acima... Antes do que disse minha mãe, antes do meu "casamento")...

Eu tinha medo de tudo, de todos, do mundo... Mas era minha culpa...

Eu era a menina "fácil", aquela que "não pode esconder nada"... Que não tem mais "nada a perder"...

Quem mandou eu nascer????

Cresci me sentindo o lixo, o estrume, o sei lá o que do universo...

Não quis mais amigos... Amores... Eu hein?! Fazer os outros sofrerem? JAMAIS...

Eu potencializava tudo... Quando alguém dizia: "Gosto de você!" Era como se pegasse minhas feridas e abrissem de novo... Não, não pode ser... Você tem que sair de perto de mim... Ninguém pode gostar de mim... Eu vou te ferir, vou te machucar e vou sofrer com teu sofrimento...

Quanta balela... Eu não queria era me ferir...

Você já viu o filme "Jimmy bolha"? Assim eu me fiz...

Eu lia, me informava, escrevia, mas não podia compartilhar... E se alguém me enxergasse? Era correr risco demais...

Não deu outra... Fui me isolando... Isolando... isolando... Até que não dava mais pra voltar atrás...

Minha filha foi arrancada de mim... E eu, que não tive direito sobre minha virgindade, meus sonhos, meu casamento, minha gravidez (pois era sempre minha mãe que dizia o que eu estava sentindo aos médicos, sempre ela que escolhia as roupas, até o nome ela escolheu, mesmo eu já tendo escolhido outro... Depois tomou a guarda na justiça, me tirou o direito de educá-la... "Você não sabe nem se educar, como educará uma criança?"), não tive mais direito a escolher muita coisa... Então melhor matar meus anseios mesmo... Pra quê me iludir? Eu era o mal... A culpa era minha...

Perdi o homem que amei... Novamente levaram parte de mim... Mas eu não podia competir com seu sonho de ser pai... Eu não podia tirar dele o direito que também fora arrancado de mim... Era fazer mal a quem eu mais amava... Era personificar o mal... Melhor que eu sofra a fazer alguém sofrer... Engolir o sapo e seguir...

Assim eu me excluí do mundo...

Fui morar num lugar inóspito, topei um serviço duro, tipo "serviço de macho" (rs), Longe da civilização... Até que achei alí algumas respostas... Mas nada é perfeito...(rs)

Eu queria ser jornalista, mas não podia deixar minha família decepcionada por eu perder no vestibular... Fiz a opção: Agronomia... Desisti assim que passei... Resolvi topar o "serviço" citado acima... Venci os preconceitos e dei conta da tarefa a contento... Mas chegou o começo das aulas... "Você vai... Não quero ser culpada por suas frustrações"... Disse minha mãe... E eu lá tinha direito de escolher? E se ela colocasse alguém em meu lugar? E se ela me odiasse mais ainda por não ir? Fui...

Senti tanta dor... Tanta, tanta, tanta... E sem um ouvido conhecido, sem nenhum ombro amigo... Era eu, o frio e a missão: Não decepcionar mais ninguém... Só a mim... Mas eu merecia... Eu era o mal...

Mas ainda pode piorar... (Vixiii... Que novela mexicana é essa???? kkkkk)

Minha filha cresceu... Começou a moldar sua personalidade e se perdeu na vida... Seguiu por um caminho de escuridão... Meu bebê... Meu pedaço... Aquela que eu tanto amei mas que nunca quis machucar... Ela não era pra mim... Não merecia o mal que eu podia proporcionar... Eu sempre deixava ela saber... "Maezinha... Te amo viu?! Sou sua amiga...Não esqueça"... Ela esqueceu... preferiu o mundo negro a mim... Eu amei tanto aquele ser... Era linda... Uma bonequinha... Cabelos negros, lisos, com cachinhos na ponta... Era a minha menina... Mas eu não podia machucar ela...

O mundo também me consumiu, me abateu, me derrubou... Mas eu merecia...

Sofria com tudo... Se sorrissem, se chorassem, Tudo era minha culpa... E eu sofria mais ainda...

Nada que não possa piorar...

Tentei proteger minha cria e ouvi com todos os sonoros "erres" e "esses"... "Eu te odeio, não olha mais pra mim, não fala mais comigo"... Isso no último dia do ano passado... Depois de saber que ela estava na estrada escura... Meu coração, ou o que ainda restava dele, espatifou... Até a minha filha, que eu tanto amava, me odiava... EU ERA O MAL...

Eu entrei numa espécie de coma... Num casulo... Terminei de me sufocar...

Mas o ano novo me trouxe uma surpresa... Encontrei alguém que não me viu como o mal... E eu sorri... Ah, mais cedo ou mais tarde, eu lhe farei mal também... Melhor dizer logo quem sou e sumir... Não mereço nada de bom... Assim o fiz... Fugi...

É, mas existe mesmo um motivo pra tudo... Ele passou por uma situação difícil e eu tentei ajudar... Mas eu só tinha o mal, Como poderia fazer o bem? Eu tentei... Com todas as forças de mim... Quando ele disse: "Eu nunca amei ninguém além de meu avô e meu filho... E perdi ambos"... Meu mundo foi ao chão... (Ah, também amava muito meu avô e o perdi... Coisa que fez com que eu me identificasse um pouco mais com esse "alguém")

Eu sofri junto... O meu sofrimento... Não estava perdendo minha filha pra morte, mas sim pra vida... Isso doia mais... Por que não era "fatalidade", era dor voluntária... Cada mensagem que eu mandava pra ele era como se eu mandasse pra mim... E eu aprendia... E me fortalecia... E seguia mais um pouco... Meu coração amoleceu... De repente eu poderia estar achando a cura... E eu quis ajudar mais, pois eu me ajudava também...

Nada é perfeito... (rs... tô me sentindo O Josepher Klimber... "Mas a vida, a vida é uma caixinha de supresas"... Rs)

Eu me deixei levar... E pela primeira vez quis me testar... Deixei que ele me visse, que enxergasse o que ninguém jamais viu em mim... De certa forma eu me fazia melhor pra ele... Não, era pra mim que me fazia bem...

Ele criou resistência a mim... Normal, eu também criaria se uma doida aparecesse na minha vida e disesse: Ei, eu sei o que você sente... Sou igual a você... Me deixa te ajudar... (afinal eu já tinha passado por algumas coisas a mais... Poderia amenizar a culpa...)

Eu venho aprendendo tanto estudando as atitudes, as culpas, o isolamento dele... Por que sei que somos muito gêmeos e, buscando resposta para o que se passa com ele, eu me descubro, me ajusto e me equilibro...

"Mas a vida, a vida é uma caixinha de surpresas"... (kkkkk)

Ele se culpa por achar que me fez apaixonar e que vou sofrer, por que ele é mal... (A história se repete????)

Agora entendo quanto tempo eu perdi me culpando... As pessoas podem crescer com nossos exemplos, com aquilo que julgamos ser "o mal"... E nós, "egoístas que somos", preferimos o isolamento a permitir o crescimento do outro...

Eu criei uma coragem incrível e o chamei pra sair... (kkkk... Quem me conhece sabe que eu sou difícil de admitir que quero uma pessoa perto... Ainda mais alguém tão parecido, que pode imaginar, e advinhar, minhas reações...) Ele disse não... Mas eu queria poder dizer o quanto ele me fez bem... Ahaaaaaaaa... Mas quem me conhece também sabe o quanto eu sou teimosa (kkkkk)... Eu insisti, insisti e insisti... Um dia ele me concedeu uns minutos... Eu tremia, suava frio... Também pudera, era praticamente, eu de frente pra mim... rs... Não consegui dizer o que queria... Insisti, mas ele não permitiu aproximação... E sabe o que aconteceu? Continuei estudando as reações dele e crescendo, e mudando, e me fortalecendo... Puxa, como encontrar esta criatura me fez bem... Se ele imaginasse o quanto, jamais sentiria culpa mas sim um grande prazer por me colher no jardim das sombras...

Aprendo cada dia um piuco mais, vivo cada dia como uma criança que descobre que pode caminhar com suas próprias pernas...

Não, eu não sou o mal... Eu interpretei mal...

Quanta gente me disse da importância que tive nos poucos momentos em que estive presente... Pude rever tanta gente, tantas revelações foram feitas... Eu voltei a escrever... Estou descobrindo que tenho um lado tão bom... Que coisa maravilhosa é isso...

Foi como se tivessem tirado um prédio de 70 andares de minhas costas... LITERALMENTE...

Caminhar é preciso... Assim como viver...

E eu estou caminhando...

Hoje eu gostaria de agradecer a este "menino héroi" que me ajudou mesmo sem saber, mesmo sem querer saber... Nunca poderei agradecer por completo... Ah, e como eu queria poder devolver o bem que me fez... Eu aprendo pra te responder... Pena nunca poder dizer... Mas como disse, sou teimosa (rs), um dia eu consigo segurar tua mão e te ajudar a seguir... Não posso deixar que você perca o tempo que perdi...

Não sei definir o que sinto por ele, se é físico, emocional, se é apenas gratidão, carinho, vontade de me libertar nele também, mas não me importo em definir... Sentir é o que importa... Mesmo que eu nunca consiga definir... Na verdade, nem quero... Rs...

Como disse a canção que postei antes de me sentar aqui pra escrever esta "enciclopédia" (kkkkk... Praticamente a vida de "Maria do Bairro"... kkkkkk)...

"Não foi tua culpa,
que não te enganem com isso.
Não foi tua culpa.
Liberta-te deste peso.
Não te tortures,
pensando que mal tens feito,
se Deus não te acusa,
ninguém mais tem o direito.

Tens mais uma chance, de ser feliz,
ainda podes dizer ao amor...
Que Sim!
Que Sim!"

Hoje me sinto livre de verdade... E o mal que tentaram me incutir não conseguirá voltar a me permear...

No seminário que fui no sábado o palestrante disse: "O sofrimento não suporta quando o descobrimos... Ele foge... Porque só somos vítimas até o momento que não damos conta disso"... Eu me dei conta... O sofrimento fugiu... A liberdade agora lambe as chagas dos meus pés feridos...

Eu estou aprendendo a não sentir culpa... A não me diminuir... Quiçá reaprendendo a amar... Não a um ser exterior, mas a mim... Não, não posso ainda amar o próximo... O Mestre disse: "Ama teu próximo como a ti mesmo"... Estou aprendendo a me amar, depois eu poderei amar...

Contaram-me a seguinte história...

"Gandhi foi procurado por uma senhora para que disesse a seu filho para não comer açúcar, pois o mesmo adoecia quando ingeria o doce... Gandhi pediu a mulher que voltasse 15 dias depois... Ao voltarem ele disse ao menino que não comesse açúcar... A mulher questionou por que só o fizera 15 dias depois... "Por que a 15 dias eu ainda comia açúcar"...

Só podemos oferecer o que temos...
...
Estou me reconstruindo... Me descobrindo... Aprendendo a me amar...

Quem sabe um dia eu possa amar alguém...

E a vida segue...

Abraços... Muitos...


(Fabrine... Para que possa ler sempre e aprender sempre... E também para que "alguém" pare de sentir culpa... Ouça a música de Lulú Santos, "Tão bem"... Vai entender o que eu quero dizer... Se quiser aqui tá o link: http://letras.terra.com.br/lulu-santos/47143/... Obrigada, muito obrigada... Abraços e beijos... Menino e héroi...)

(Puxa... Acho que este foi o texto mais longo que já escrevi... E o mais pessoal também... Estou escrevendo a quase 5 horas... Sem parar... Aliás... Só pra tentar acalmar a dor de cabeça alheia, via conselhos no MSN... kkkk... Larararariiii... O que me resta????...kkkkkkk)

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