Hoje a tarde, vendo uma reprise de novela, uma situação me chamou atenção...
Um casal que mantêm as aparências num casamento falido... E a mulher confidenciou a filha:
- O que me uniu a ele foi o amor, mas não consegui manter o sentimento... Eu não aguento mais...
Fiquei pensando: Quais as "verdades" que sustentam o homem? O quanto somos capazes de sufocar em nome de convenções? Qual o tipo de "amor" que nos permeia?
Estou vivendo um momento de crise absoluta dentro de mim... Preciso desabafar...
Levei anos da minha vida trancada pro mundo, principalmente pro mundo dos "sentimentos", e quando alguém conseguiu a "chave" da minha "fragilidade" eu não consegui segurar... Me entreguei por inteiro...
Eu não sabia mais lidar com sentimentos, relações, coisas que se vive "a dois"... Eu não sabia mais conviver, não sabia mais dividir... Eu sequer sabia sentir... Mas Deus sempre nos dá as ferramentas necessárias a batalha diária... E lá estava eu, "reaprendendo a viver"...
De repente me vi ali, despida da armadura que tinha construído no meu entorno... Olhava nos olhos dele e via um oceano de possibilidades... E eu quis me dar, quis que ele me descobrisse, que ele me possuísse... Ah, eu queria...
Eu deixei ele me decifrar, ele me mostrar minhas reais possibilidades... Eu quis demais ser aquela que via refletida nos olhos dele... Mas não sou perfeita, não tenho manual de instrução da vida... E eu não soube lidar muito bem com isso...
Ele, nove anos mais jovem que eu, também não soube entender minhas deficiências... E como é triste ver morrer a esperança que se viu brilhar nos olhos de ambos....
Cada ser é um universo, um mundo diferente, e quando se topa dividir, melhor dizendo, compartilhar, estes "mundos", saber-se-á que turbulências ocorrerão, que algumas paredes ruirão, que dever-se-ão buscar adaptação ao universo alheio...
Mas há que se ter disposição pra isso... Não é fácil se "adaptar"... Embora se grite necessário...
Eu gosto de música, ele também... Eu mostro minhas preferências, ele esconde as suas em fones de ouvidos... Eu prefiro o silêncio cumplice, ele o barulho da multidão... Eu prefiro filmes leves, destes que são mais reais, ele adora filmes de terror... Eu não gosto de futebol, ele... Flamenguista... Eu até paro hoje em dia pra torcer pro Ronaldinho Gaúcho... Eu apresentei ele para todos que são importantes pra mim, ele... Prefere vidas separadas: Meus amigos, seus amigos... Eu quero cumplicidade máxima, ele... Duas vidas: "Uma comigo e outra...Sem mim"...
(Por favor, pelo amor do sagrado, alguém tem uma receita pra me ensinar de "como querer ser um par e ter duas vidas distintas????" Se alguém tiver me passa, por favor... Eu não tenho condições de viver isso sem ajuda...)
Ando me sentindo tão mutilada... Tenho medo até de tocar nele...
Não sei que tipo de reação esperar...
Daí eu me pergunto: Hoje o medo que me permeia é o medo dele ir embora ou o medo de que ele fique?
Esse tipo de amor vale a pena?
Eu já vi amor de todo tipo, mas nunca imaginei que teria medo de continuar amando assim...
Não sei lidar com a inconstância deste que amo e isso anda me machucando tanto...
Sabe aquela frase da canção do Jota Quest: "Já pensei em ti largar, já olhei tantas vezes pro lado, mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos"...
Hoje eu vi o quanto o abraço dele me acalma, o quanto de mim ele possui, o quanto das minhas neuras foram vencidas com ele... Mas, por Deus, eu não tô conseguindo lidar com tantas mudanças repentinas de humor dele... Tô vivendo o tempo inteiro sob pressão... Tô com medo dele... Medo de me machucar mais em nome de um sentimento que tinha nascido para ser belo...
Eu chamo ele pra conversar mas ele prefere fugir de mim... Eu acredito que só conversando se chega a solução dos problemas...
Eu reclamava bastante de tudo... Da falta de diálogo, da falta de adaptabilidade, perguntava se ele queria partir pra viver outras coisas... Até que uma frase que vi na TV passou a ecoar na minha mente:
"Quer ter razão ou ser feliz?"
É... Vai saber qual o pilar que me sustenta...
Vai saber qual a "verdade" que sustenta este "amor"?
Só me resta colocar tudo isso na balança e tentar descobrir se existe ainda, nesta relação, "razão para ser FELIZ"...
Abraço!