Hoje fiquei pensando um tanto sobre o que aconteceu com a minha relação (principalmente sobre a forma com que se deu a separação) e fui puxando pela memória outros momentos como esse...
Já tive relacionamentos que chegaram ao fim e nenhum deles foi assim... Todos foram tão cheios de mágoas, rancores, dores, foram todos difíceis, mas este é diferente... Não teve mágoa, nem rancor, dor tem sim, mas não foi como antes já fora...
A sensação que tenho é de estar jogando fora uma roupa que gosto muito, que ainda serve, que não tem motivos pra ser descartada... É como se estivesse abrindo mão de algo que tem muito pra dar certo... Algo que vibra ainda, algo que ainda vive, que respira forte... E fico me perguntando se devo simplesmente aceitar o fim já que não existe mal tão grande que implique na destruição de algo tão bom...
Existem sempre altos e baixos nas relações, mas quando os altos são mais constantes que os baixos é realmente necessário acabar?
Eu conheço bem uma relação ruim e posso bem atestar que não é esse o caso...
A gente precisa sempre de um momento de reflexão sobre os laços que estabelecemos para pesar os prós e contra... Todos passam por isso, porém, abrir mão assim parece banalizar o que foi construído... Parece descaso com a oportunidade que a vida nos trouxe...
Eu entro em casa e tudo ta lá... Todas as coisas matérias que se precisa pra viver... e olho o quanto foi construído ali para o bem estar do casal... Lembro das coisas vividas e me pergunto: Qual motivo seria tão devastador, que não cabia um ajuste, que levou essa relação ao fim?
Nas outras relações que tive tudo era tão mais complicado, tão menos prazeroso...
Sim, eu sei o valor do abraçar no fim do dia, do saber rir juntos, do saber fazer o outro sorrir, do ter calma diante dos problemas financeiros... Isso é tão raro de se encontrar hoje em dia...
Quando penso no lado bom de tudo que vivemos a pergunta grita ainda mais alto... Será mesmo essa a solução? O lado ruim compensa abrir mão do lado bom?
Ao lado dele eu senti a tranqüilidade de saber que tinha sempre alguém me esperando, alguém segurando minha mão, alguém que me abraçava quando o mundo tava lá, seguindo seu ritmo...
Ter um amigo é tão bom... Amar alguém que é também seu amigo é inigualável... Ter alguém que te ouve, que te ajuda, que te quer bem, que te faz rir...
Tanta gente leva muitas existências buscando essa cumplicidade... Por que estamos jogando isso fora tão facilmente... Tão voluntariamente?
Lembrei de uma vez que nos abraçamos na escada... Como a gente se encaixa, como a nossa temperatura combina, do quanto foi bom estar ali... Não precisamos dizer nada pois o sentimento falou por si só... Dormir abraçados depois foi só comprovar que tem cumplicidade ali... E por que isso acabou? Alguém me explica o motivo de estarmos desistindo de um amor que existe, de uma cumplicidade latente, de uma relação que tem tudo pra continuar dando certo? Por favor, me diz por que eu hoje não consegui entender...
Quando se racha um vaso que se gosta muito a gente não procura colar? Por quê desistir de colar este sentimento?
Será que ele pensa nisso também? Será que vai mesmo desistir disso pra sempre em nome de coisas passíveis de ajustes?
Se a gente pudesse entrar no coração das pessoas pra entender o que vai lá dentro... Ah, se pudéssemos...
E como é difícil quando a decisão não é sua... Quando o outro é quem decide... Quando você tem medo de lutar porque pode estar invadindo o espaço/tempo do outro...
Como eu queria que ele lesse esse texto e chegasse às mesmas conclusões...
Como eu queria que isso passasse e ele voltasse a assumir seu lugar em mim...
Como eu queria que ele dissesse: “Me ajuda, eu quero tentar de novo”...
É, só quem já andou por caminhos tortuosos nesta vida sabe do que eu estou falando...
Enquanto isso deixo nas mãos do Mestre que tudo sabe, tudo vê e tudo orienta...
Cuida de nós Senhor...
Amém!
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