quarta-feira, 26 de março de 2014

Lembrando de uma despedida...

Ao olhar essa imagem me lembrei de tanta coisa...

Primeiro lembrei do filme, onde a "Fera" tenta conquistar o sentimento da "Bela"... E todos os dias ele pergunta: "Você me ama Bela"... E ela diz: "Não Fera"... Pensei em mim (em nós)... Eu, "a Fera", tentando ter o sentimento de alguém que também é "Belo" e que não tinha por mim um sentimento de mesma proporção... Só que a minha história não tem "final feliz"...

Quando me vi ali, sentada na rodoviária, esperando o transporte pra "vida nova" e o vi ali, com nossa pequenina nos braços meu coração deu um nó... Era chegada a hora do "adeus", embora eu jamais tenha sonhado esse dia... E como doeu... Ele falava comigo mas seu semblante não demonstrava nenhuma emoção... Talvez ele sentisse por ela (e seria difícil não sentir) mas por mim só havia um tanto de secura... Senti muito aquele momento... Nossa, como senti... Tudo que eu queria era um abraço, não precisava nenhuma demonstração de afeto ou coisa parecida, afinal, já se vão quase 4 anos e um pedaço de nós se fez vida... Acabei por me conformar, ele não estava ali por mim, estava por ela, mesmo assim fiquei feliz... Ela também queria esse colo, esse abraço...

Nos últimos 5 minutos eu não suportei, fiz um comentário qualquer e ele me deu um abraço... Foi como se jorrasse uma tempestade dentro de mim... Era o homem que eu amava me deixando correr por entre os dedos... Não consegui chorar (hoje, quase uma semana depois, ainda não consigo... O que me causa um certo medo... Quando meu coração endurece é complicado me fazer sentir as coisas/sensações) e segui o rumo que a vida me ofereceu como fuga...

Quando vi essa imagem me lembrei do quanto o amei, do quanto de mim eu doei, de quantas vezes pedi desculpas mesmo tendo razão, de quantas vezes eu engoli seco pra poder ter um pouco do que ele tivesse pra me oferecer...

Hoje eu olhei pra minha nova casa e me peguei pensando "ele não vai gostar deste chuveiro", como se ele, algum dia, fosse usar esse chuveiro...

E olho pra minha filha e vejo os olhos dele... O mesmo brilho, a mesma ternura... 

Eu realmente não sei o que pensar, nem sei como olhar tudo isso, mas eu sinto e sinto muito ainda... 

Nos despedimos brigados e isso foi o que mais doeu em mim...

Uma história que tinha tudo pra ser bonita e...

Realmente a canção tem fundamento (Vim pensando nela durante toda a viagem... Como parece a nossa história... Só que sem o final feliz):


Eduardo e Mônica
Legião Urbana


Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"

Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal, não aguento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Se encontraram, então, no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?


(Não me odeie, eu te amo...)

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