Hoje vou precisar de muitas imagens, muita persistência, muita força pra escrever...
Escrever... Talvez seja isso que me falte....
Eu ensaio tanto, penso tanto, sinto tanto e depois... Sufoco tudo... Como se o fato de não externar fosse me salvar de todo mal... Quanta bobagem... Nada pode me salvar... Nada! Nem meu silêncio...
Os últimos anos da minha vida não foram fáceis... Uma bigorna por dia caindo na minha cabeça e eu tendo que fingir que não dói, que não machuca, que o sangue que escorre é tinta e com água vai sair... Que balela! Nunca vai sair...
Sempre fui diferente, esquisita, destoante... Nunca me senti "deste mundo" e tinha plena certeza de que não era (e sou?)... Sempre me senti inadequada, desajustada, quebrada, fora do esquadro deste existir... E no fim, nem "típica" sou...
Vivi tanta coisa dificil, tanta coisa que nunca consegui entender, explicar, tanta coisa das quais nunca soube me defender...
Nunca senti pouco, tudo sempre transbordava em mim... Eu vivia quebrada, aos pedaços, ferida, até me acostumei com o sofrimento... No fim eu sempre achei que nem merecia nada diferente mesmo... Eu era "defeituosa" e merecia que o mundo me tratasse assim...
Eu amava tanto, eu vibrava tanto, eu sempre estava ali... "Se você cair pegue minha mão... Se a chuva te molhar, toma meu casaco... Se você tem sono, toma minha cama... Aconteça o que acontecer, eu estarei com você!"... E no fim, eu sempre estava só... Sempre só!
Eu nunca entendi o motivo de "todo mundo ir embora" e eu estar "sempre ali"... Eu sempre estava ali, esperando, sangrando, sofrendo, mas ali... Eu sempre estava... E no fim, eu sempre estava só! No fim era só eu!
Hoje, depois de um diagnóstico, alguns tarjas pretas, eu sei o motivo de sempre estar ali...
Eu nunca estive ali, mesmo quando eu estava inteira ali...
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