quarta-feira, 30 de abril de 2008

Difícil constatação...


"Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu..."

É... Não é fácil enxergar algumas coisas em nós mesmos...

Venho percebendo em mim uma apatia que me consome... Me engessa... Me prende num mundo que nunca sonhei pra mim...


"Roda mundo, roda gigante

Roda moinho, roda pião

O tempo rodou num instante

Nas voltas do meu coração..."

De repente comecei a abdicar de mim pra viver por uma maioria que não liga pra esta entrega...

De repente eu tive medo de me perder no meio disso tudo e nunca mais acertar voltar...

De repente eu me peguei sozinha, isolada, presa numa muralha que ergui em nome de uma falsa "proteção"...

De repente a solidão doeu de uma forma amarga... Eram apenas eu e os quatro cantos do quarto... Um computador e algumas canções...



De repente eu tranquei meu coração para "afetividades"... Me sinto um pouco amarga...

Será que, em excesso, as boas qualidades, o carinho, o cuidado, a atenção, entre outros, viram azedume?

Será que quando a gente sufoca por ter muito a dar e ninguém pra receber, isso volta com gosto de fel?

Tenho que calar... (Pausa para um soluço)


"A gente vai contra a corrente

Até não poder resistir

Na volta do barco é que sente

O quanto deixou de cumprir

Faz tempo que a gente cultiva

A mais linda roseira que há

Mas eis que chega a roda viva

E carrega a roseira pra lá..."

A alguns dias eu venho me questionando: "Foi isso que você sonhou pra você Menina?"

Construí um muro de concreto ao meu redor...

Preciso de retorno, preciso de palavras, preciso de mãos dadas, preciso de sorriso farto, de mesma direção...

Mas não é qualquer parte que encaixa... Não é qualquer parte que serve...

Tenho que calar... (Pausa para um suspiro)


Deixei minha vida cair pelo caminho... Quis mudar o mundo e esqueci de mim....

Onde estão meus amigos? Minhas partes? Onde estão as minhas metades?


Engenheira de sonhos mal feitos...

Vida que cai no marasmo da ausência...

Sonhos dispostos ao vento...

Mulher enclausurada em mim...

Perdi o gosto pela escrita, pelas coisas que me eram tão especiais...

O que há de errado comigo????

Hoje me descobri descalça... Desnuda... Sem voz...

Hoje eu descobri que meu brilho se ofuscou...

Hoje meu EU gritou fundo em mim...

Preciso de olhos que enxerguem além da mediocridade da carne (plagiando a citação de um amigo)...

Preciso de sensibilidade e aspereza...

Preciso de luz e treva...

Tempestade e calmaria...

Preciso urgentemente de INSPIRAÇÃO!!!!


Hoje... Sem abraço!

Mas abraçando mesmo assim...


(Nativa, 30.05.08... 00:01... Canção citada: Roda viva - Chico Buarque..)

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