Catedral
Uma bolha sobe do fundo do mar
Uma palavra sobe das funduras do silêncio
Inesperada, emissária de um mundo esquecido
Nosso mistério, nossa oração
Há palavras que dizemos e outras que se dizem
Existem em nós, não atendem a nossa voz
"São como o vento que sopra onde quer
Se ouvirmos o sopro, palavras de oração"
Pássaro selvagem que mora em nós
Longe do que nós sabemos, no lugar dos sonhos
Fora da morada dos pensamentos
Temos medo das palavras que se dizem
Por isso falamos, palavras contra palavras
Quando orares, não sejais como artistas
"Que falam palavras que não são suas,
que usam máscaras decoradas"
Entra no silêncio, longe dos outros
Que as palavras se dirão, depois da espera
Entra no silêncio, longe dos muitos
E escuta uma única palavra
Que irá subir do fundo do mar
Basta ouvir uma vez e depois, o silêncio.
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