quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um desabafo... Doloroso... Banhado em lágrimas... Necessário... (Obrigada por me ajudar, mesmo sem querer, a dar este grito...)

Quem, nesta vida, não sentiu a imensa vontade de não cometer um erro? Quem nunca sentiu no mais profundo de si a ânsia por pisar em terra firme? Quem nunca sentiu vontade de se entregar, se deixar conduzir, abduzir? Quem nunca sonhou em encontrar um abraço protetor, um gesto de carinho, um porto-seguro onde pudesse se permitir atracar?

É, eu também quis tudo isso... Quiçá mais que isso...

Fui tão ferida nesta existência que jurei nunca mais permitir que se aproximassem de mim... Ainda sinto na garganta o gosto do sangue derramado a cada tombo...

Sim, ainda dói...

Nunca falei disso abertamente, nunca mostrei este meu lado... Sempre fingi ser forte, não me importar, aguentar tudo sem reclamar... E eu poderia reclamar? Pra quem?

Tudo que sonhei na minha vida era encontrar alguém que segurasse minha mão e dissesse: "Tô aqui menina... Com você!" E ninguém jamais disse, jamais esteve... Ninguém sequer segurou minha mão....

Parece drama de menina mimada, de uma pessoa frustrada... E pode até ser....

Não tive direito a escolhas na vida... Nunca me senti amada por ninguém (salvo pela minha irmã, claro)... Sempre fui usada por todos que quis bem... Ninguém sequer sentiu orgulho de mim, por mim, por estar perto de mim...

E eu? Amei mais que deveria...

Amei a mãe que disse que sou substituível, o pai que nunca quis me ver, o homem que tinha vergonha de mim, os amigos que sempre me apunhalavam...

É, eu amei...

Me doei com tanta força pras pessoas e nunca recebi o que "tanto sonhei"...

E o resultado disso?

Jurei nunca mais amar, nunca mais querer, nunca mais sonhar...

Toda vez que sonhei eu sofri, e sofri tanto, tanto que não tive mais coragem de sonhar...

Aprendi a fugir...

A fugir de sentimentos, sensações, pessoas, relações... De tudo que pudesse me fazer tornar a sonhar...

Pra mim todo sonho tem gosto amargo, todo sonho remete a dor, todo sonho rasga as feridas que, com muitas lágrimas, cicatrizei...

É muito fácil dizer que não concluo nada, que sou complicada, medrosa, perdida... Nunca soube de gosto bom que vinhesse de qualquer coisa nesta vida... Só consegui um milímetro de paz quando me afastei do universo...

Por mais que eu tente, me esforce, me empurre ladeira abaixo, não consigo mudar isso...

Sim, vejo um policial em cada sombra...

Aprendi que não posso querer nada... Se não tive nada que amei prova que não mereço nada muito bom... Se a vida só me deu limão, o que posso oferecer além de limonada?

Um dia, onde o mundo me roubou o chão, um amigo me perguntou: "Você tem vontade de quê?" E eu respondi: "O único 'sonho' que ainda me resta é ter uma família"... E ele completou: "E por que você está só?" E eu calei... Calei tão profundamente que cheguei a sentir o gosto do ódio na boca por por ele ter despertado estes questionamentos em mim...

Sim, EU TENHO MEDOOOO... Muito medo... Pavor de voltar a me machucar... Prefiro não ter amigos, não sair de casa, não gostar de mais ninguém... Viver só comigo... "Porque se eu perder, eu perco sozinha... E se eu ganhar, aí é só eu quem ganho" (Ana Carolina)...

No fundo, eu queria um pouco de proteção, um abraço e dizer SIM se alguém manifestasse interesse em sentar ao meu lado...

Um dia que fosse eu queria sentir que não sentem vergonha de mim, que sou insubstituível, que falam comigo porque gostam do que tenho a dizer, que amo alguém que também me ama... Queria não ter medo de viver... Queria que todas estas dores que existem em mim fossem expurgadas... Que alguém enxergasse a fragilidade que grita por trás desta casca grossa que exibo por aí... Que não me perguntassem o que sinto, mas que alguém me abraçasse em silêncio me permitindo chorar até sarar...

Queria não precisar entender, explicar, saber... Só ficar quietinha... Protegida...

Queria apenas que, um dia, alguém derrubasse minha muralha não pelo prazer de me fazer rastejar mas pelo simples fato de querer estar perto de mim...

Só isso!...

(Fabrine... 13.01.10... O sol já nascendo... Visão turva... Coração doendo e uma fragilidade sem par... É, precisava cuspir tudo isso mesmo... Deve me fazer bem...)

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