domingo, 9 de setembro de 2007

Perdemos tanto tempo da vida tentando entender o que não se pode explicar...

Hoje eu vivi uma das maiores emoções da minha vida...

Não sei se todos sabem mas sempre me senti inferior, preterida, menor, sempre me senti incompleta, infeliz, sozinha, vazia...

Tive meus sonhos estilhaçados e nunca consegui recuperar os cacos... Sempre sangrando, sempre sofrendo... O que sempre me consolou foi saber das palavras de Cristo: "A Felicidade não é deste mundo"... Isso renovava minhas forças quando não me restava mais nem a fé para prosseguir... Isso sempre tornava a me fazer erguer os olhos...

Achava que ninguém me amava, que se eu morresse não faria falta... Eu sempre perguntava aos que amava: "Se eu morrer você chora?" Na esperança de ouvir algo que me fizesse sentir querida...

Passei minha existência mendigando atenção, sentimento... Mendigando amor...

Não me sentia bem em nenhum lugar, sempre achava que era errada pro mundo... Que estava fazendo mal às pessoas por eu existir...

Um dos meus maiores obstáculos nesta existência foi estabelecer uma relação mais próxima com minha mãe... Sempre fui tratada de maneira dura por ela... Criando assim um grande bloqueio em minha mente no que diz respeito ao amor materno... Me achava o patinho odiado (como na história do patinho feio)... Nunca me enxerguei como alguém passível de nenhum bom sentimento, e mesmo assim, eu me esforçava pra ser boa... Até me anular para outros brilharem eu topava... Eu queria um sorriso, um abraço, um elogio, um gesto bonito que fosse... Eu precisava disso...

Sempre fui de poucos amigos (sempre tive medo de fazê-los e perdê-los)... Me criei sozinha, sem perguntar, sem conversar, sem pedir proteção (apesar de ser o que mais desejava fazer)... Me feri, quebrei a cara, me machuquei e superei, sempre sozinha...

Nunca achei que a vida me concederia alguma FELICIDADE...

Há alguns anos eu encontrei (na religião) respostas para algumas das minhas perguntas...

A felicidade não é deste mundo / Este é um mundo de provas e expiações / Persiste no BEM e o Bem te resguardará / Ama teu próximo como a ti mesma / Tenha fé / Sempre temos "alguém", nunca estamos sós / Pede resignado que o Pai te atenderá...

Vivo agora um momento de tomada de decisões de extrema importância... E me faltava a resposta do Pai para poder começar a agir, para começar a traçar minhas metas (e aqui reforço: MINHAS METAS!)...

Em se tratando de vida afetiva...

Passei maus bocados por pensar que eu amando (sem retribuição) era o bastante... Que fazer o bem apenas bastaria... Me machuquei sempre e um dia eu cai de joelhos no chão e pedi: "Senhor, tira de mim a capacidade de amar... Seca meu coração pois não consigo mais aguentar a dor das chagas que o amor me traz... Não sou merecedora de Tua clemência Pai, por isso, seca meu coração... Se não posso amar alguém que me ame, alguém que me edifique, que caminhe de mãos dadas comigo, que queira construir uma vida nova e de paz comigo, então Pai, tira de mim a capacidade de amar"...

Eu pedia, pedia, pedia... E doía muito pedir isso, sabendo que tenho tanto amor aqui dentro do peito, tanta vontade de dividir este sentimento... E assim Deus fez: Secou o pranto, fechou as feridas e me trouxe alguém que quer construir, que, como eu, quer uma vida nova, uma nova chance de ser feliz... E eu desci os joelhos ao chão e agradeci ao Senhor a graça concedida...

Em se tratando de sonhos profissionais...

Escolhi erradamente o que queria ser e acabei num curso totalmente diferente do que sonhava... Mas mesmo assim eu cresci... Como ser humano, como ser crítico, capaz de discernir sobre coisas que jamais imaginei... Hoje eu conheço muito mais do mundo, muito mais de mim, muito mais da vida... Hoje, por ainda não ter certeza do que quero, consigo enxergar bem o que não quero...

Me foi concedido um dom pequenino e que precisava deste espaço para exercitar... O pequeno e iniciante dom da escrita (ainda de forma muitoooooo incipiente). E agora tenho em minhas mãos a oportunidade de consertar a rota e voltar a caminhar rumo a este velho (e já desbotado) sonho... Estou a beira de conseguir começar a graduação tão sonhada, tão desejada... Mas sabemos que "escolhas implicam em perdas e não em ganhos"... E agora chega a hora de começar a abrir mão de algumas coisas, de perder o medo de outras, de perder o medo de SER FELIZ...

Mesmo sabendo que a felicidade não é deste mundo é nele que devemos começar a construí-la...

Tenho que estabelecer as prioridades e fortalecer a minha fé...

O horizonte está na ponta do meu lápis... Tenho 'eu' que desenhá-lo...

Mas não é tão fácil como parece... tem um grande obstáculo: Como dizer isso a quem me sustenta? A quem me mantém? Como assumir para minha mãe que errei e preciso do apoio dela para retornar ao meu caminho? Ao caminho dos meus sonhos?

Hoje, num ambiente envolto de energias positivas, nos abraçamos e, pela primeira vez nesta existência, dissemos uma a outra o quanto nos amamos e ela ainda disse: "Minha filha, seja feliz pois assim eu também serei"... Eu não consegui conter a emoção e chorei tanto em seus braços, me deixei envolver no seu abraço... Me senti aquela menina que tanto quis, que tanto buscou proteção, carinho, amor... Me senti na porta do céu... Foi a sensação mais gratificante da minha vida...

Ela sabe que eu a amo, sabe o quanto me envergonho dos meus erros, sabe que eu seria incapaz de desapontá-la ainda mais... Só não sabe que meu sonho é outro e que viver esta vida me sufoca, está me matando aos poucos...

Ao conversar com o amigo, anjo e amor que o Senhor me concedeu ouvi dele: "Menina, não é a mim que você tem que convencer que quer seguir seu sonho... É a sua mãe e a você mesma"... Eu sabia disso, eu sei disso, mas não achava que seria capaz de dizer a ela que minha felicidade está em outro lugar... Que não consigo mais me anular em função desta graduação... Sempre tive medo de decepcioná-la de novo... E hoje, ao ouvir de sua boca "filha, seja feliz que assim eu também serei", isso foi como se a mão que aperta o meu coração afrouxasse um pouco e um sopro de coragem adentrasse meus pulmões (Agora sim, meu amor, eu consegui absorver o que você me disse... Por que eu precisava ouvir dela isso, pra saber que o que importa é que eu seja feliz... Que isso não vai machucar ela, entende?)...

Eu precisei de muitos tombos, de muitas feridas, muito sangue e lágrimas expurgar até chegar aqui e ver que eu posso ser feliz... Que também sou importante, para a vida e para os que amo...

Isso não se aprende num piscar de olhos, num minuto de conversação... Você tem que galgar um longo caminho até ver que o mundo também te pertence e que você é parte do mundo...

Passamos a vida buscando respostas instantâneas para questões que não são passíveis de explicação... Só a vivência, a persistência, o caminhar pela vida nos pode explicar, e, por falta de entendimento (pois somos seres imediatistas), não conseguimos entender que a vida se constroi aos poucos, tijolo a tijolo, pé ante pé, e que cada um constroi sua existência no seu tempo, segundo o tamanho das suas pernas...

A caminhada é longa, dolorosa e cheia de desvios... Resta a nós persistir, insistir, perseverar...


"O caminho das águas também é feito de pedras e o rio não para"... (Ana Carolina)


Chega agora a hora de tomar as rédeas da minha existência, hora de "escrever" a minha história segundo as minhas concepções e anseios... Chegou a hora de abrir o caminho com meus próprios braços... Se vou conseguir não posso afirmar... Mas uma certeza eu tenho: VOU TENTAR!!!!!!

Experimente TENTAR também...

SEJA O AUTOR DA SUA HISTÓRIA!!!!!

Abraço!!!!

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