Caros amigos...
Não sei se isso acontece com todo mundo mas enfim, aqui estou, mais uma vez, refletindo sobre mim...
De repente (não mais que de repente), me pego recheada de fantasmas de um passado tão distante, como quem se prepara pra viajar e quando busca sua mala ela está cheia de coisas da viagem anterior... É preciso "esvaziar" pra poder seguir... Mala vazia pra preencher com as coisas da nova viagem...
Não sei lidar com coisas boas (sensações, emoções, elogios, etc) mas sou resistente a adversidades... É, mas a vida não é feita de um só lado... Aprender a lidar com isso é preciso...
Nunca quis que me achassem fisicamente bonita, nunca quis ser o mundo de ninguém, queria que alguém prestasse atenção no meu sorriso, no que escrevo, que alguém ouvisse o que me vai na alma, alguém que, simplesmente, prestasse atenção ao que sou e não ao que aparento ser...
Eu tenho medo de amar pois amei e sofri muito, tenho medo de "ficar por ficar" pois nunca se sabe o que isso pode causar a si e ao outro, tenho medo de ficar só pois a solidão é triste demais, tenho medo de não ter tempo pra crescer pois o tempo já se adiantou bastante pra mim, tenho medo de não dizer mais "eu te amo" a alguém pois tenho tanto amor aqui dentro de mim que seria uma afronta ao Criador não distribuí-lo... Resumindo: Tenho muito medo...
Vejo as crianças sorrindo, os adultos trabalhando, os apaixonados suspirando e penso comigo mesma: O que fiz com este espírito que Deus me confiou? Ainda haverá tempo de "esvaziar minha mala"?
Me diminui tanto que não me enxergo mais...
Não consigo ver uma pessoa triste, sofrendo, penando que meu ímpeto é ajudar mas esqueço de que também preciso de ajuda...
Ontem assisti uma pregação do Pe. Fábio de Melo na TV que dizia uma frase bem conhecida de todos mas que me calou profundamente: "Quem não se ama não é capaz de amar ninguém"...
Onde será que me perdi? Quando foi que esqueci que existo? Se me acho uma pessoa doce, amiga, carinhosa, cuidadosa para com as pessoas, por que não destinar isso a mim também com a mesma intensidade?
O filósofo tinha mesmo razão ao dizer: "Conhece-te a ti mesmo"... E como é difícil isso... Como é difícil mergulhar em nós mesmos...
Sou tão amiga das pessoas e esqueço que também preciso ser amiga de mim... Me colocar no colo, ouvir meus lamentos, me dizer o quanto sou especial, me fazer crer num amanhã feliz e não tão distante...
(Bom mesmo que eu escreva tudo isso... Depois volto e leio mil vezes e, desta forma, me direi muitas vezes o que teimo em não ouvir...)
Estou vivendo uma fase de muitos medos... Último semestre na faculdade (e agora? trabalhar onde?), tendo que dar exemplo (e se eu não for um exemplo?), talvez despedindo-me da cidade e dos amigos aqui encontrados em alguns meses (e como ficar longe de tudo isso?), meu coração pulsando de forma especial (e se????)... Muitos medos... Ah, e como tenho medo de todos estes medos... Nooooossaaaaa...
Sei que tenho que olhar "além do horizonte" mas me convencer disso é tão complicado... Já me acostumei com a tristeza e não é fácil sair deste "mundo conveniente" que criei... Não, não é fácil...
As pessoas sempre dizem: "Mudar é fácil e você não muda por que não quer"... Será que todo mundo acredita nisso mesmo? Que não mudamos simplesmente por não querer? Será que vivemos apenas o que queremos de fato? Estariam os psicólogos, psiquiatras e terapeutas em geral, todos enganados? Não existem mesmo as "doenças da alma"?
Ai, ai... O ser e suas reminiscências...
Não acredito que ser triste seja opção meramente...
Ok, também sei que é preciso força de vontade para mudar, que é preciso o primeiro passo e tal, mas também são necessários tantos outros fatores... Ai, ai..
Sei que preciso "esvaziar" minha vida pra recomeçar... Sei também o quanto é difícil... Mas sabe do que mais? EU TÔ TENTANDOOOOO... Não é esse então um "ato de coragem"?
Posso titubear, e sei que isso acontecerá muitas vezes (não somos seres em construção?), mas se você (amigo que lê minhas loucuras) estiver por perto, pode me emprestar sua mão?
Agora é hora de recomeçar...
Vamos comigo?
Abraços!